Sejam bem-vindos!

Amigos,
Duas vezes por mês deixarei um pequeno artigo sobre coisas que a tradição, a sabedoria popular, a imprensa, as frases prontas e os clichês nos fizeram acreditar!
Os textos anteriores ficarão em três pastas: "Vamos aos Fatos", "Deixe o Cara" e "Atualidades". Sugiro ler os artigos a partir do primeiro; e à noite tem mais clima!
A intenção é lançar o tema para discussão. E a discussão pode ficar bastante interessante. A vantagem é que daí, pessoalmente não precisaremos falar nada sério. Espero que gostem, comentem sobre o tema, curtam, acrescentem, discordem, expliquem melhor, coloquem reflexões, frases... e indiquem aos amigos para que façamos um grupo aberto pensante.
PENSAR MAIS, ACREDITAR MENOS!
Divirtam-se, Carlos Nigro

VOCÊ ACREDITA MESMO NISSO?


Vamos tratar de assuntos que estarão sempre em uma destas colunas: “Vamos aos fatos”, “Deixa o cara” e “Atualidades”.
O “Vamos aos fatos” é o caminho para enxergarmos a realidade com mais clareza, sem teorias maravilhosas e com aparente sentido, mas sem ligação com a realidade. A ciência e a estatística ajudam.
O “Deixa o cara” é o caminho para o respeito às liberdades individuais.
“Atualidades” são exercícios práticos para empregar o “vamos aos fatos” e o “deixa o cara”.

Faremos perguntas provocadoras com uma resposta baseada nos fatos e nas liberdades individuais.
Os comentários servem para complementar, discordar, dizer algo engraçado, dar uma opinião, um exemplo, uma palavra. Críticas pessoais e não às idéias indica que a pessoa não tem nada a dizer. Então não escreva.
O importante não são as respostas já que nenhuma é definitiva, mas as perguntas porque estas alargam nossa concepção do que é possível, enriquecem nossa imaginação intelectual e diminuem a certeza dogmática que fecha a mente para a especulação.
Fazer perguntas depende de treinamento, mas exige que a pessoa saiba lidar bem com as dúvidas, com o acaso e com o caos - nada animador! rs.
As respostas mostram se somos quem pensávamos que fôssemos.


A presunção de saber é o maior obstáculo ao conhecimento.
O ignorante sabe tudo sobre este mundo.

O crente sabe tudo sobre o outro mundo. Conhece as causas, os efeitos, as razões, o sentido de tudo - sabe a Verdade. E acredita porque tem fé.
As religiões cuidam desta Verdade.
Sem a fé, restam apenas duas verdades: a morte e os impostos.


Julgamos as ideias, as situações e as pessoas sem ter plenas informações por praticidade, pois o tempo necessário para termos todas as informações seria proibitivo.
Acreditamos muito na fofoca, mesmo quando contrariam os fatos, como se fosse uma informação privilegiada.
Mesmo os fatos em si nunca fornecem provas suficientes para provar de maneira conclusiva uma teoria. Sempre há uma lacuna, um espaço para uma teoria diferente. Prova além de qualquer dúvida é impossível - nos tribunais são exigidas provas além de qualquer dúvida razoável.
Preenchemos os espaços vazios com nossos palpites e preconceitos, por isso mesmo a realidade aparente não é tão real quanto pensamos, pois construímos boa parte dela. Construímos histórias. Contamos as histórias que inventamos para criar a estrutura da memória. As recontamos sempre adicionando ou retirando causas e efeitos para que a história seja mais coerente, mais convincente e, por isso “mais real”. A memória seleciona e interpreta, por isso tem pouca validade. Da realidade mal captada e corrigida por nosso cérebro fazemos uma ficção.
Mas gostamos de acreditar em Verdades. Elas servem para organizar e dar sentido ao mundo; para regular nossos centros emocionais; para guiar-nos social e moralmente. São as verdades que nos fazem ir em frente. A intenção é organizar o caos e controlar o acaso.

Após formarmos opiniões colecionamos instâncias que as confirmem, e mesmo que as contrárias sejam mais numerosas e convincentes não as percebemos ou as rejeitamos mesmo inconscientemente. Temos tanta predileção por sistemas e deduções que distorcemos intencionalmente os fatos e o que vemos só para justificar a nossa lógica. Uma lógica de palpites e intuições.
Isto pode produzir julgamentos corretos, mas erros sistemáticos. É um viés. Eventos aleatórios também produzem padrões.
Isto nos leva a sermos muitas vezes contraditórios em nossas convicções, mas não não nos vemos como hipócritas e até somos compreensíveis conosco mesmos. Não temos a mesma paciência com os outros e com governos.


Padronizando e generalizando compactamos informações para ficar mais fácil de armazenar. Quanto mais aleatória a informação maior a dimensão, mais nuances, mais difícil resumi-la e mais gasto de energia!
Diante de uma nova informação apenas escolhemos em qual padrão se encaixa.  Facilita o raciocínio e aumenta a criatividade para inventar a coerência do padrão escolhido.
As categorias servem para dar respostas automáticas evitando termos de ponderar sobre o mérito de cada questão (ver Personalidade).

Isto faz com que as pessoas defendam suas convicções e os próprios interesses passando por cima dos fatos e dos direitos humanos para serem coerentes. Assim sendo seletivamente imorais e pragmáticos.

O conhecimento e a sabedoria popular derivam das tradições e convenções sociais; do hábito; das coisas que se repetem; dos clichês; das frases feitas; das ideias prontas; da memória emocional e das opiniões simples, fáceis e lógicas - resultado da padronização e da generalização das informações.

Autoridades intelectuais, políticas ou religiosas impressionam pelo que sabem. Afirmar que conhece a Verdade gera efeitos de poder e todo poder se ampara e se justifica em saberes considerados verdadeiros. Nossas mentes e ideias não precisam estar casadas com as de figuras famosas para serem relevantes.

Uma ideia aceita pela maioria das pessoas é sempre errada. Para quem estiver muito chocado coloque um “quase” antes do “sempre”. Para uma ideia ser compreendida e aceita pela maioria, ela deve ser simplória, mítica, auto-explicativa, intuitiva, lógica e não chocar. Para temas complexos sempre existem soluções simples e erradas.

Argumentações racionais bem-formuladas são difíceis de seguir, enquanto as que trazem um raciocínio deficiente frequentemente funcionam, pois são emotivas e apelam para o preconceito das pessoas.

Não estudar significa ter um conhecimento puro da vida. Não ter opinião significa sabedoria - é como se ainda não tivesse avaliado todas as variáveis. Não falar sobre Deus ou não ter religião por “ser algo muito íntimo” significa alta espiritualidade. O nada é tudo! (esta equiparação de dois opostos sempre produz um efeito de altíssima sabedoria. Treine outros: luz-escuridão, branco preto, sabedoria-ignorância, pobre-rico... dá para impressionar a gatinha com facilidade!)

Não é fácil abandonar antigas concepções, conviver com dúvidas e considerar novas ideias que possam explicar melhor os fatos.

Por isso o blog não tem a intenção de fazer alguém mudar de ideia.
Serve para aquelas pessoas que não sabem o porquê, mas sentem que algo está errado. Serve, também, para expressar em palavras aquilo que já se acreditava, mas estava difícil de expressar numa forma coerente e humanista.


A curiosidade é sinal de uma mente aberta, interessada em investigar as idéias das outras pessoas.
Exercitando pensar o impensável, o repulsivo, o impossível, podemos compreender melhor a situação, nossas motivações e nossas convicções - estarão elas assentadas sobre areia movediça? A possibilidade impensável pode ser a saída ou a verdadeira.
Experimentos de pensamento são usados para fornecer insights antes de experimentos reais ou quando não são possíveis experimentos reais.

Nossa mente fica mais livre; as ideias podem fluir por outros caminhos; podemos tirar a força de muitos preconceitos; compreender melhor os fatos; crescer intelectualmente; termos mais prazer nos relacionamentos; sermos mais leves e tolerantes; podemos viver melhor.

Jornais diários impressos e televisivos, sites de notícias instantâneas, novelas, a vida de celebridades, Silvio Santos, Faustão, Zorra Total, A Praça é Nossa deixam a vida tranquila, insensível e banal.
Ideias estabelecidas, iguais, previsíveis, bem adaptadas ao mundo deixam a mente em paz e harmonia (que horror!), diminuem a angústia

Livros e ideias complexas influenciam o corpo; e o corpo pode não aguentar - muitos ficam loucos ou suicidam. Realmente, pode ser perigoso.

Pergunte “por que” três vezes seguidas. Pense por si mesmo. Examine os fatos e tente basear sua opinião e seu comportamento nas coisas como de fato são. Não vamos conscientemente acreditar no erro. O conhecimento de nossa ignorância pode nos ajudar a errar menos, a temer menos e a sermos melhores pessoas. Se não podemos chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos, não nos deixemos ser facilmente enganados.

A filosofia e a ciência querem a essência por trás das aparências; mas não existe descrição física ou filosófica das aparências: a cor vermelha, só vendo. A experiência do real é o mais importante. É possível que estejamos mais próximos do Real em nossas manifestações artísticas autênticas.

A Verdade, o Real em si é inacessível. Mesmo se fosse acessível não seria compreensível ao homem. Mesmo sendo compreensível, seria incomunicável e inexplicável aos outros.

O Real é tudo o que importa, mais do que a felicidade! Preferimos viver a vida real a uma vida feliz numa realidade forjada na Cidade Proibida chinesa, num sonho lúcido de Vanilla Sky ou na Matrix.

Mas qual é a vida real? É a vida que se vive com suas hipocrisias, fantasias e costumes ou a vida que racionalmente e emocionalmente deveria ser vivida (ou seria esta que contém fantasias e costumes impossíveis). Talvez a vida real seja tudo isso.

Vamos acreditar menos e raciocinar mais. Vamos escapar de nossos esquemas, simplificações e categorizações mentais automáticas e ir de encontro ao caos, ao acaso e à infinita riqueza única que é cada pessoa.

Tantas pessoas são tão desesperadamente inseguras e dependentes do sistema de verdades que lutarão para protegê-lo.
Aquele que tiver consciência desta realidade não convencional pode se tornar mais livre, poderoso e crítico.

Quem busca a verdade já começou a encontrar!



O blog só tem uma finalidade:
Libertar as pessoas do poder hipnótico dos chavões, clichês e frases prontas e restaurar o trânsito normal entre linguagem, percepção e realidade?

2 comentários:

  1. É muito proveitoso acompanhar suas reflexões principalmente nos dias em que nos levam a acreditar que não precisamos pensar porque em algum lugar já deve ter "isso" pronto. A falta de tempo para realizar todas as funções nos leva sempre a procurar um "jeitinho"mais rápido de fazer as coisas como na net onde as pessoas se conhecem,se exibem e até se relacionam.Talvez pq achem mais seguro e rápido. Não costumo dedicar muito do meu tempo à rede principalmente pq não sobra mesmo muito...afinal são 3 filhos e sempre tem algum sentadinho no meu colo...e estou lhe escrevendo isso justamente pq é com isso q me preocupo:como estarão nossas crianças daqui a uns 15 anos? Me ocupo muito com essa questão e parabéns pelo Caio ele estava um show hoje na natação...bjs p Josiane e Rosa

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  2. Angélica Pellegrino1 de maio de 2011 às 23:26

    Este ensaio provoca! Muito bom!
    Após essa leitura aumenta a minha convicção da beleza da humildade. Como é belo um sábio humilde!
    Como é horrível um tolo arrogante e exibido!
    Estou matriculada na escola da humildade. Vou perseverar.

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